sábado, 15 de fevereiro de 2014

8º Episódio - Esquizofrenia e religião

“Atribuem os médicos tudo a causas naturais e julgam poder dar combate ao mal com a sua medicina. Em consequência, muitos erros se cometem, que influenciam às vezes de modo fatal, sobre o corpo do penitente”
(Scaramelli, apud. Barreto, 1978,p.37)

Michel Foucault (1999), em seus estudos sobre a loucura, elaborou o dimensionamento psicológico e social da doença mental. É importante enfatizar que a idade clássica rejeitou no mesmo nível as doenças mentais e os delinquentes, desenvolvendo-se, a partir daí, as estruturas do internamento.
            Durante muito tempo a doença mental não foi encarada como patologia, mas era como um fenômeno relacionado à vida espiritual dos indivíduos. Assim podemos concluir que em culturas diferentes e em épocas diversas, diferentes explicações foram dadas ao que podemos definir, hoje, como esquizofrenia.
            Na Grécia Antiga, por exemplo, a “loucura” podia ser interpretada como castigo dos deuses ou, em certos casos, como sinal de inspiração divina. Os trabalhos nos templos e oráculos frequentemente relacionavam-se a esta ideia.
            Segundo Barreto (1978), com o advento do cristianismo, surge e propaga-se a ideia de “possessão demoníaca”. Satanás – o anjo caído e líder dos anjos rebeldes, os demônios - seria o grande responsável pela loucura humana. Assim, dentro da tradição cristã, buscou-se interpretar os sinais (particularmente os sinais comportamentais) identificados de modo relacionado à religião, criando uma cultura própria sobre o tema, com explicações diferenciadas e de base religiosa.
            Penso que a religiosidade é um fator importante para o desenvolvimento do sujeito, já que pode definir como o mesmo reconhece a si e como interage com o mundo que o cerca. Não é preciso trazer referências vindas de livros para observar o quanto uma educação religiosa pode estar contida no discurso e no comportamento de uma pessoa e da comunidade com a qual compartilha as normas e dogmas da instituição religiosa ao qual se está vinculado.
Para Barreto (1978), embora os argumentos científicos e religiosos não se harmonizem quanto à esquizofrenia, não se pode ignorar o quanto a visão religiosa ainda influencia o imaginário popular e consequentemente repercute no dia a dia das pessoas. O gradual desenvolvimento científico não apenas tem conduzido a um afastamento em relação a visão mística do mundo, mas também tem proposto uma nova visão e interpretação das manifestações psicopatológicas.
Todas as pesquisas e tratamentos desenvolvidos até aqui não foram capazes de se sobrepor as críticas daqueles que adotam posturas relacionadas a sua fé. Estes veem como uma abordagem simplista a que é feita pelos médicos, psicólogos e pesquisadores em geral.
Partindo dessa discussão estou colocando abaixo vídeos espiritas e evangélicos que tratam sobre a esquizofrenia a partir de um olhar religioso. É interessante ter a possibilidade de questionar a verdade e empirismo da ciência e duvidar dos poderes sobrenaturais atribuídos pela fé.

A esquizofrenia a luz do espiritismo - por Luiz Fernando


João Lourenço (Espirita) - Esquizofrenia


Caio Fábio - Pastor e Psicanalista

Papo de Graça 122 - Esquizofrenia, Mentes Adoecidas e Delirantes (07-12-2009)


REFERÊNCIAS

BARRETO, Djalma. O alienista, o louco e a lei. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 1978.
FOUCAULT, M. História da loucura na idade clássica. 6.ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.

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