“Atribuem os médicos tudo a causas naturais e julgam
poder dar combate ao mal com a sua medicina. Em consequência, muitos erros se cometem,
que influenciam às vezes de modo fatal, sobre o corpo do penitente”
(Scaramelli, apud. Barreto, 1978,p.37)
Michel
Foucault (1999), em seus estudos sobre a loucura, elaborou o dimensionamento
psicológico e social da doença mental. É importante enfatizar que a idade clássica
rejeitou no mesmo nível as doenças mentais e os delinquentes, desenvolvendo-se,
a partir daí, as estruturas do internamento.
Durante muito tempo a doença mental
não foi encarada como patologia, mas era como um fenômeno relacionado à vida
espiritual dos indivíduos. Assim podemos concluir que em culturas diferentes e
em épocas diversas, diferentes explicações foram dadas ao que podemos definir,
hoje, como esquizofrenia.
Na Grécia Antiga, por exemplo, a “loucura”
podia ser interpretada como castigo dos deuses ou, em certos casos, como sinal
de inspiração divina. Os trabalhos nos templos e oráculos frequentemente
relacionavam-se a esta ideia.
Segundo Barreto (1978), com o
advento do cristianismo, surge e propaga-se a ideia de “possessão demoníaca”.
Satanás – o anjo caído e líder dos anjos rebeldes, os demônios - seria o grande
responsável pela loucura humana. Assim, dentro da tradição cristã, buscou-se
interpretar os sinais (particularmente os sinais comportamentais) identificados
de modo relacionado à religião, criando uma cultura própria sobre o tema, com
explicações diferenciadas e de base religiosa.
Penso que a religiosidade é um fator
importante para o desenvolvimento do sujeito, já que pode definir como o mesmo reconhece
a si e como interage com o mundo que o cerca. Não é preciso trazer referências
vindas de livros para observar o quanto uma educação religiosa pode estar
contida no discurso e no comportamento de uma pessoa e da comunidade com a qual
compartilha as normas e dogmas da instituição religiosa ao qual se está
vinculado.
Para Barreto (1978), embora
os argumentos científicos e religiosos não se harmonizem quanto à
esquizofrenia, não se pode ignorar o quanto a visão religiosa ainda influencia
o imaginário popular e consequentemente repercute no dia a dia das pessoas. O gradual desenvolvimento científico não apenas tem conduzido a um
afastamento em relação a visão mística do mundo, mas também tem proposto uma
nova visão e interpretação das manifestações psicopatológicas.
Todas
as pesquisas e tratamentos desenvolvidos até aqui não foram capazes de se
sobrepor as críticas daqueles que adotam posturas relacionadas a sua fé. Estes
veem como uma abordagem simplista a que é feita pelos médicos, psicólogos e
pesquisadores em geral.
Partindo
dessa discussão estou colocando abaixo vídeos espiritas e evangélicos que
tratam sobre a esquizofrenia a partir de um olhar religioso. É interessante ter
a possibilidade de questionar a verdade e empirismo da ciência e duvidar dos
poderes sobrenaturais atribuídos pela fé.
A esquizofrenia a luz do espiritismo - por Luiz Fernando
João Lourenço (Espirita) - Esquizofrenia
Caio Fábio - Pastor e Psicanalista
REFERÊNCIAS
BARRETO,
Djalma. O alienista, o louco e a lei.
Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 1978.
FOUCAULT,
M. História da loucura na idade clássica.
6.ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.
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